Em sua visita oficial à Austrália, o presidente francês Emmanuel Macron cometeu um deslize: durante os agradecimentos, chamou a esposa do primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, de deliciosa (delicious, em inglês). Essa gafe nos dá a chance de aprender duas lições de uma vez. A primeira lição é que a ausência de um intérprete profissional pode causar incidentes diplomáticos. No caso em tela, nem o líder australiano nem sua mulher esboçaram qualquer reação e não houve grandes repercussões, mas poderia ter gerado um tremendo mal-estar internacional.
A segunda lição está ligada ao risco representado pelo que se chama de falso cognato, que foi o que causou a gafe. Uma das explicações é que Macron teria feito confusão entre a palavra francesa délicieuse e a palavra delicious, em inglês. Embora tenham sonoridade parecida, não tem o mesmo significado, ainda mais ao se referir a uma pessoa: délicieuse significa encantadora, agradável, e encontraria uma tradução muito melhor (e que não causaria nenhuma comoção) na palavra delightful.
Mas o que são os falsos cognatos?
Cognatos são palavras que possuem a mesma origem e que apresentam ortografia semelhante. Porém, línguas são organismos vivos, evoluem, mudam, e o sentido de suas palavras pode se alterar com o tempo. Com isso, vocábulos com a mesma origem e escrita semelhante podem ter sentidos completamente diferentes. Recebem então o nome de falsos cognatos ou falsos amigos, como são chamados em inglês e francês (false friends ou faux amis).
Podemos dividir os falsos cognatos em duas categorias: puros e eventuais. A primeira se refere a palavras que têm significados completamente distintos em dois idiomas. Entre o inglês e o português, temos alguns exemplos claros: college, que significa faculdade, e não colégio. Outro que causa grande confusão: push, que significa empurrar, não puxar. A segunda categoria contém palavras com diversos significados (chamadas de palavras polissêmicas) que, dependendo do contexto, podem ou não ser semelhantes entre os idiomas. Isso é o que ocorre com palavras como medicine (que pode ser traduzida como medicamento ou medicina) ou subject (sujeito ou matéria).
Esse último é o caso da palavra que gerou a celeuma. Afinal, ao falar de um prato, délicieuse de fato poderia ser traduzida como delicious, mas não ao falar de alguém. Quer dizer, até poderia, mas duvido muito que fosse esse o sentido que Macron prentendia transmitir.
Você já tropeçou em algum falso cognato? Conte nos comentários!
Quer aprender mais sobre falsos cognatos? Dá uma olhada nos links a seguir:
https://textoecontexto.trd.br/falsos-cognatos/
https://www.infoescola.com/ingles/falsos-cognatos/
http://culturaespanhola.com.br/blog/os-100-maiores-falsos-cognatos-em-espanhol/